terça-feira, 4 de agosto de 2009

REPRESENTAÇÃO X REALIDADE: COMO É SEU MUNDO?

Já falei sobre este tema num outro post deste blog (Mapas e filtros), mas resolvi "destrinchar" um pouco mais o assunto graças a alguns e-mails que recebi, pedindo mais dados.

Todos nós às vezes nos deparamos com aquela velha pergunta: Porque somos tão diferentes?
Por mais que estabeleçamos algo em comum, sempre vai haver alguma discordância, um jeito diferente de ver, ouvir e sentir as coisas, uma forma diversa de enfrentar determinadas situações.
Como você age quando vê uma cobra?
Pode ser que paralise, pode ser que resolva matá-la imediatamente, pode ser que a deixe ir...
E como você pensa os relacionamentos? Ou imagina o trabalho? Ou avalia determinados grupos (gays, negros, brancos, judeus, muçulmanos, católicos, protestantes...)?
Com certeza, a maneira como você age diante dos pontos acima descritos não é a mesma como muitas outras agem. O problema surge quando, além de agir de maneira diferente, você não consegue entender o jeito dos outros encararem os mesmos fatos.
Acontece que bastaria apelar para um fator simples, que poderia mudar muito do seu modo de viver, sobre como as pessoas processam e assimilam internamente as informações que colhem do mundo exterior. É preciso compreender que cada pessoa tem um MAPA, uma representação do que é a realidade para ela, e que todas as informações que ela recebe passam por FILTROS (experiências, crenças, sentidos) antes de ser reconstruída no cérebro e passada adiante como comunicação.
O que percebemos do mundo é apenas uma parte da realidade - não é a realidade, mas apenas uma representação do que conheço como realidade. A isso chamamos de MAPA.
Como esta é uma interpretação metafórica, pense no mapa de sua cidade. Ele contém desenhos, linhas, gráficos, indicações que podem te levar a determinados pontos. Porém, NÃO SE PODE DIZER QUE O MAPA SEJA A SUA CIDADE, MAS APENAS UM DESENHO DE COMO ELA ERA QUANDO ESTE MAPA FOI CONFECCIONADO (mesmo porque, podem ter surgido outras ruas, outras mudaram de nome, a direção de algumas vias pode ter sido modificada...).
Da mesma forma, as experiências que você viveu, as crenças que assumiu (alguns filtros) podem ter criado uma representação do que é a vida para si, e é com esta representação que você responde aos desafios que lhe são impostos. De maneira nenhuma É a realidade, mas apenas o que você ENTENDE como realidade. Mais ainda, tudo que você aprendeu no passado já pode ter mudado (como a cidade representada no mapa), mas se você continuar a responder ao mundo com os aprendizados antigos, a tendência é de dar com os burros n´água.
Daí o porque dos conflitos com pessoas que pensam diferente de nós. Nossos mapas não "batem" com os delas. Pior fica a situação quando os conflitos se dão entre "conservadores" e "moderninhos" (que no futuro também serão os conservadores em muitos casos).
Há casos em que um mesmo problema é enfrentado de maneira diferente por duas pessoas, mas com resultados idênticos.
Um exemplo: Imagine duas mulheres numa balada. Elas se prepararam com afinco para a noite, se maquiaram, se perfumaram, vestiram suas melhores roupas. Ambas querem um novo relacionamento, e procuram acabar com a solidão. Até ai, tudo igual.
No entanto, durante a festa, uma delas faz novas amizades, inclusive com alguns rapazes, dança, canta, se diverte. A outra não consegue se enturmar, não dança, fica quietinha num canto e, pior, ainda bota pra correr qualquer que se aproxime.
A questão aqui nem é sobre qual vai conseguir alcançar seu objetivo (mesmo porque tanto uma quanto a outra pode quebrar a cabeça, tanto faz) mas porque elas, que têm os mesmos desejos, agem de maneira tão diferente?
Hipoteticamente, podemos dizer que a primeira foi criada num ambiente solto, alegre. Tinha muitos irmãos homens e conseguia se relacionar bem com eles. Em sua familia não havia restrições quanto ao que poderia fazer um homem ou uma mulher, todos tinham a mesma liberdade, mas com respeito. Ela conseguia fazer amizade fácil porque via em cada pessoa o mesmo que via em seus familiares, e não conseguia viver só porque foi criada no meio de muita gente. Por isso, se dá bem em conseguir amigos, mas tem certa dificuldade em se fixar em alguém como namorado.
A segunda, no entanto, foi criada dentro de padrões rígidos, chegando até a ser agredida pelo pai ou pela mãe quando pensava em "soltar as asinhas". Em sua família, os homens podiam tudo, e as mulheres tinham que se virar com as coisas da casa. O pior é que as pessoas de quem ela esperava apoio (mãe, irmãs, irmãos, parentes, professores) ou se omitiam ou apenas reforçavam a forma dura de sua educação. Pra completar, nas poucas vezes em que se relacionou com alguém, foi usada e até passou por abusos, para logo depois ser abandonada. Agora, mesmo sozinha (uma escolha que fez quando resolveu sair de perto da familia cruel), não consegue enxergar nos outros algo diferente dos monstros que conhecera em seu passado.
Claro que as explicações para o comportamento destas duas mulheres podem ser outras, mas o que quero deixar claro aqui é que ambas veêm o mundo de maneira totalmente diferente, com base nas experiências que tiveram na vida. Ambas tem dificuldades, ambas querem mudar, mas reagem sempre do mesmo jeito ao que encontram. Nenhuma das duas consegue o que quer (a primeira até consegue, em parte), mas por motivos totalmente diversos.
Se você perguntar para uma porque ela não gostaria de namorar este ou aquele cara, pode ser que ela responda: "Ah, ele parece tanto o meu irmão, que eu não conseguiria beijá-lo com este pensamento. Mas adoro estar perto dele como amiga". Já a outra responderia: "Porque nenhum homem presta!".
Notou a diferença?
Mas, como sair desta situação? Como elas poderiam aprender a ser diferentes?
A saída é uma "ampliação" dos seus mapas. Elas precisam incluir nas suas representações de mundo fatos e experiências que geralmente, por conta do mapa antigo, costumam excluir de suas lembranças. A moça da amizade fácil pode começar entendendo que nem todos os homens são seus irmãos (que ela ama), que nem todo mundo faz parte de sua "grande familia", que ela tem desejos como qualquer outra mulher e há homens que a veêm como tal, e não como irmã. Talvez se ela começasse se perguntando como os pais dela se relacionavam, e porque tinham tido tantos filhos, já conseguiria ótimas mudanças.
Já a solitária amarga poderia olhar como tantos casais se dão bem, como algumas mulheres conseguem se relacionar sem se rebaixar, sem serem humilhadas, aprender com elas, observar exemplos de rapazes de boa índole e perceber que os homens à sua volta não são os irmãos que ela odeia.
É fácil? Talvez sim, talvez não... Em muitos casos é preciso que se use alguma técnica, ou mesmo terapia para se conseguir. O importante é que A MUDANÇA É POSSÍVEL.
Dica:
Seus mapas lhe impõem limites? Use a criatividade e quebre-os! Um bom "E se...?" ajuda bem.
Ex: Você cresceu num ambiente onde todos gozavam de sua cara, chamando-o por algum apelido que fizesse menção a algo que eles consideravam "feio". Ex: altura (girafa), nariz (ladrão de oxigênio), cor (branquelo ou assum preto), etc... (vale dizer: "eles" consideravam feio, não você). Hoje você é timido e não consegue se aproximar dos outros, porque acha que vai ser ridicularizado.
Você pode começar perguntando-se: "E se estas pessoas não tivessem feito estas brincadeiras, como eu seria?". Ou ainda: "E ao invés de me zuarem, estas características fossem elogiadas?" (tipo: Puxa, você é alto! Nossa, como sua cor é bonita! Seu nariz combina com seu rosto bonito...). Sinta a diferença e coloque estas experiências em seu mapa.
Melhor ainda é quando já ouvimos, vimos ou sentimos experiências legais onde antes só havia problemas (mas que geralmente deletamos porque, em nossa mente, acreditamos somente nas primeiras experiências). Lembre-se das vezes que foi elogiado(a), bem tratado(a), se sentiu amado(a)... e carregue-se com estas sensações. Eu tenho muitas, as quais recorro quando sinto que estou voltando aos meus mapas antigos.
Ah.. em tempo. Sabendo que cada pessoa tem um mapa, e que o que você entende como realidade pode não ser a mesma coisa para o outro, que tal, a partir de hoje, deixar de lado seus preconceitos e procurar entender melhor cada pessoa que te cerca, hein?
Aproveite!

"Minha querida alma, seja fonte de compreensão. Minha querida alma, seja fonte de coragem para expandir meus conhecimentos, e para ampliar meus mapas".

Em tempo: A pedidos, estou elaborando um curso breve de PNL, que postarei em tópicos num novo blog. Aguardem!

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