domingo, 27 de fevereiro de 2011

TERREMOTOS DA VIDA

Muita gente sofre quando ocorrem grandes transformações não esperadas em suas vidas. São como vitimas de terremotos que não conseguem se recuperar e seguir adiante.
Estava meditando sobre isso quando me lembrei de uma história interessante, ocorrida, se não me engano, em Portugal, nos idos do século XVIII. A história diz que um forte terremoto havia atingido a cidade de Lisboa, e todo mundo, claro, ficou em polvorosa. O pior é que nem mesmo o lider principal do país, o Rei, sabia muito bem o que fazer.
Por isso mesmo, este Rei resolveu perguntar aos seus assessores mais próximos o que deveria ser feito. Foi quando um General simplesmente respondeu: O Terremoto aconteceu, e passou. Agora, devemos sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos". Eis uma resposta direta, objetiva!
É exatamente isso que devemos aprender no nosso dia-a-dia, a dar respostas simples aos problemas mais complicados.
Muitas vezes temos em nossa vida "terremotos" incrivelmente avassaladores em nossas vidas pessoais. Tragédias que se assemelham ao ocorrido em Portugal, o do Haiti, da China, ou fenômenos igualmente destruidores, como o Tsunami. A catástrofe é tão grande que muitas vezes perdemos a capacidade de raciocinar, a não ser para pensar mais desgraças.
Todos nós estamos sujeitos a "tragédias" na vida. Mas, o que fazer então?
Ora, apenas o que disse o General: "Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos".
Não adianta ficar reclamando e chorando, remoendo o passado. É preciso "sepultar" o passado. Colocá-lo debaixo da terra. È hora de "esquecer" o passado. Enterrar os mortos é isso. Uma grande Irmã Religiosa e psicóloga (não me lembro o nome, infelizmente), que ministrava cursos na sede da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), dizia: "Pare de carregar caixões montanha acima. Deixe os mortos e passados descer o morro, e suba mais leve para o futuro".
Cuidar dos vivos significa que, depois de enterrar o passado, em seguida temos que cuidar do presente. Cuidar do que ficou por aqui, à nossa disposição ou sob nossa responsabilidade. Cuidar do que sobrou. Cuidar do que realmente existe. Fazer o que tiver que ser feito para salvar o que restou do terremoto, e não do "que você gostaria que tivesse sobrado". Tem gente que vive dizendo: "Ah, se eu tivesse conseguido isso, aquilo... Se fulano ou fulana estivesse aqui... se tal e tal coisa não tivesse acontecido...", e deixa as coisas do presente de lado. Daqui a alguns meses, vai estar falando: "Ah, se eu tivesse prestado atenção no que estava à minha volta...". Ou seja, vai sempre estar ligado no passado e esquecendo dos vivos, do presente. ACORDA!!!
e "Fechar os portos"? Isso quer dizer que não podemos deixar as "portas" abertas para que novos problemas possam surgir ou "vir de fora", pelo menos não enquanto estamos cuidando dos vivos e salvando o que restou do terremoto de nossa vida. È preciso manter o foco no "cuidar dos vivos", e se algum problema surgir, que sejam relacionados à reconstrução, que podem ser resolvidos porque estamos no caminho. Ou seja, é hora de concentrar-se na reconstrução, no novo, na criação ou renovação.
Pois é... viu como uma simples frase pode nos ensinar tanta coisa? E baseada na História! Não é à toa que a História é "a mestra da vida".
Lembre-se: Quando você enfrentar um terremoto, um tsunami, um "11 de setembro"..., não se esqueça: enterre os mortos, cuide dos vivos e feche os portos. Esqueça o passado, olhe, ouça, sinta e viva o presente e, claro, foque nos seus objetivos mais importantes, não deixando espaço para que os problemas dos outros interfiram em sua reconstrução de vida.

Minha querida Alma, faça de mim, hoje e sempre, um ser objetivo e perspicaz. Minha querida Alma, faça de mim uma pessoa de pensamentos simples e ações eficazes.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

QUANTO CUSTA O SEU TEMPO?

No horário em que me dedico a atender casais que enfrentam problemas de relacionamento com seus filhos e familias destroçadas pelas drogas, tive a oportunidade, ontem, de conversar com um pai e uma mãe de classe média alta.
A mãe acreditava que o seu filho, de 15 anos, estava envolvido com drogas, por causa de algumas atitudes agressivas que ele vinha tendo em casa. No entanto, após uma boa série de perguntas bem específicas, chegamos à conclusão de que não havia esta possibilidade (o garoto não tinha contato com pessoas que usavam drogas, era reservado e praticamente não saia). Bastou uma boa observação na postura que o casal tinha durante a conversa, e não foi dificil descobrir qual era o motivo da agressividade do menino: chamar a atenção do seus velhos, a quem amava, admirava, mas quase não tinha contato.
Claro que muitas vezes não adianta simplesmente revelar a descoberta para a pessoa. A primeira tendência é negar ou justificar suas atitudes, apelando para a velha frase: "Ele deveria entender que tudo que faço é pelo bem dele".
Por isso, preferi contar esta histórinha, que adoro, pois é uma metáfora que já ajudou a muitas familias. Confira e preste atenção na sua postura com seus filhos, ok?

Só 25,00 reais

Um homem chegou em casa tarde do trabalho, cansado e irritado. Encontrou o seu filho de 5 anos esperando por ele na porta.
- "Pai, posso fazer-lhe uma pergunta?"
- "O que é?" - respondeu o homem.
- "Pai, quanto você ganha em uma hora?"
- "Isso não é da sua conta. Porque você esta perguntando uma coisa dessas?", o homem disse agressivo.
- "Eu só quero saber. Por favor me diga, quanto você ganha em uma hora?"
- "Se você quer saber, eu ganho R$50 por hora."
- "Ah..." o menino respondeu, com sua cabeça para baixo.
- "Pai, pode me emprestar R$ 25,00?"
O pai estava furioso: "Essa é a única razão pela qual você me perguntou isso? Pensa que é assim que você pode conseguir algum dinheiro para comprar um brinquedo ou algum outro disparate? Vá direto para o seu quarto e vá para a cama. Pense sobre o quanto você está sendo egoísta. Eu não trabalho duramente todos os dias para tais infantilidades."
O menino foi calado para o seu quarto e fechou a porta.
O homem sentou e começou a ficar ainda mais nervoso sobre as questões do menino.
- Como ele ousa fazer essas perguntas só para ganhar algum dinheiro?
Após cerca de uma hora, o homem tinha se acalmado e começou a pensar.
Talvez houvesse algo que ele realmente precisava comprar com esses R$ 25,00 e ele realmente não pedia dinheiro com muita frequência. O homem foi para a porta do quarto do menino e abriu a porta.
- "Você está acordado ainda, meu filho?" ele perguntou.
- "Sim, pai, estou acordado", respondeu o garoto.
- "Eu estive pensando, talvez eu tenha sido muito duro com você a pouco?", afirmou o homem. "Tive um longo dia e acabei descarregando em você. Aqui estão os R$ 25 que você me pediu."
O menino se levantou sorrindo. "Valeu, pai!" gritou. Então, colocou a mão debaixo de seu travesseiro, e de lá puxou alguns trocados amassados.
O homem viu que o menino já tinha algum dinheiro, e não gostou nada de saber que talvez tivesse sido enganado. O garoto já tinha grana, porque pedira mais a ele?
O menino lentamente contou o seu dinheiro, em seguida olhou para seu pai, e encontrou fogo nos olhos...
- "Por que você quer mais dinheiro se você já tinha?" - reclamou o homem, nervoso.
- "Porque eu não tinha o suficiente, mas agora eu tenho", respondeu o menino.
Em seguida pegou todas as notas e as entregou ao pai.
- "Papai, eu tenho R$ 50 agora. Posso comprar uma hora do seu tempo? Por favor, chegue em casa mais cedo amanhã. Eu gostaria de jantar com você."
Toda a raiva foi embora, e um sentimento de vergonha tomou conta do pai, que se sentiu destroçado... Com um choro que não teve como controlar, ele colocou seus braços em torno de seu filho, e pediu o seu perdão.
É apenas uma pequena lembrança a todos nós que trabalhamos arduamente na vida, e acabamos por não ter tempo para as pessoas que amamos, mesmo que todo o trabalho seja para elas. Não devemos deixar escorregar através dos nossos dedos o tempo sem curtir bons momentos com aqueles que realmente importam para nós, os que estão perto de nossos corações.
Não importa o preço da "sua hora de trabalho". Não se esqueça de compartilhar esses minutos super valorizados do seu tempo com alguém que você ama.

Em tempo: Após nossa conversa, passei este texto para o casal, para que fosse estudado em conjunto (a mãe também era uma trabalhadora incansável). Tive uma grande alegria quando, por volta das 14hs de hoje, recebi uma bela mensagem da mãe, com as seguintes palavras: "Não temos consciência de como simples palavras acabam transformando uma estátua de ferro em uma pessoa que consegue sentir, amar, revelar suas emoções. Obrigado por nos fazer chorar! Pois com estas lágrimas aprendemos que temos que reconquistar nosso filho".
É... às vezes só é preciso um empurrâozinho...rsrsrs

"Minha querida alma. Faça de mim, hoje e sempre, uma pessoa que saiba valorizar os bons momentos com quem se ama".

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

VOCAÇÃO X SOLIDÃO... COMO VOCÊ ENCARA?

Na noite de ontem (terça, 8 de fevereiro) tive a oportunidade de conversar via internet com um amigo que não via (quer dizer, ainda não vejo) há muito tempo. Era um colega dos bons tempos de Pastoral da Juventude, instrutor de cursos, da mesma área em que eu atuava, e um grande "ajudador". Era assim que chamávamos aqueles que estavam sempre prontas a ser um "ombro amigo", um apoiador de idéias, um alguém pronto a dar sugestões (muito boas por sinal) que levassem os outros à uma vida melhor.
O tema da conversa acabou, naturalmente, versando sobre as pessoas que ajudamos naquela época, os jovens que contaram com nosso apoio motivacional e que hoje são grandes profissionais, religiosos ou politicos. Fiquei até surpreso, confesso, ao desfiar um enorme rosário de nomes e apelidos... a lista é enorme, graças a Deus, mas eu nunca tinha parado para avaliar o alcance disto.
Só que meu amigo não estava muito bem, e deu para notar isso durante a conversa. Uma certa atitude depressiva, triste, diria até magoada, era sentida em suas palavras. Era como se ele tivesse acabado de ganhar na loteria e descobrisse que estava numa ilha, onde não tinha como usar o dinheiro (já imaginou um troço destes?..rsrsrs).
Não resisti e tratei de fazer a minha "eliciação", uma investigação bem sutil do que estava acontecendo, e não demorou muito para que ele se abrisse. Se sentia só, e de certa forma magoado com as pessoas a quem havia ajudado. Via gente que um dia precisou dele, em algum momento dificil, mas que agora está se divertindo, namorando, brincando, ganhando dinheiro... e ele não era convidado a "participar da festa".
Meu amigo, que vamos chamar aqui de Walter somente para proteger sua identidade, estava passando por uma fase carregada de conflitos. Ao mesmo tempo em que sentia um gostoso saudosismo e uma agradavel sensação de que havia feito o que podia pelos jovens enquanto membro da PJ, não se conformava com o fato de que todos (literalmente todos) os que haviam "passado por suas mãos" sequer mantinham contato com ele. "Fica uma desagradável sensação de que a gente é importante apenas quando é necessário, e depois pode ser descartado... não é triste isso?", questionou.
Bem, querido(a) leitor(a) deste blog. Talvez você também já tenha sentido isso de alguma forma, talvez já tenha se dedicado a alguém com todo o seu entusiasmo, todo o seu coração, e sinta o mesmo que meu amigo. Isso pode acontecer com amigos, parentes (aquela tia que faz tudo pelo sobrinho e depois de um certo tempo nem é lembrada no Natal, ou ainda, em casos mais extremos, os pais que são simplesmente esquecidos pelos filhos...), ou simplesmente pessoas que você considera especiais.
Para vocês e para todos os que passam por isso, devo dizer apenas uma coisa: o sentimento que te aflige não está relacionado ao que estas pessoas fizeram (ou deixaram de fazer), ou pelo fato delas terem "sumido" de sua convivência, mas apenas por um fator: pelas expectativas que VOCÊ formou quanto a estes relacionamentos.
No Eneagrama (um dos cursos que ministro) existe um tipo que ilustra bem isso: O Tipo 2 - chamado por mim de "bonzinho interesseiro". Essa personalidade é bem comum em nossos dias, mas principalmente em áreas como a religiosa, a da saúde, da politiica... São pessoas que fazem TUDO pelos outros, e fazem questão de que isso seja muito bem divulgado e valorizado. O problema com estas pessoas é que geralmente sentimentos de mágoa e até mesmo de raiva incontida se tornam fortemente ativos quando não há RETORNO. "Depois de tudo que fiz por voce...?", é a frase preferida delas. Nem sempre (quando não nunca) esse retorno ocorre, principalmente do jeito que elas esperam (cá entre, tem gente que quer ser colocada num pedestal ou num trono por aquilo que fizeram pelos outros).
E isto se torna ainda mais dificil quando você se dedica deixando bem claro que NÃO ESPERA PAGAMENTO DE QUALQUER ESPÉCIE por isso. Ora.. se já deixou isso bem claro, porque cobrar agora?
Muitos de nós confundem "Vocação para ajudador" com o uso deste talento para conseguir amigos. Costumo dizer que ajudadores não tem amigos, mas sim "clientes muito queridos". Um médico salva a vida de uma pessoa e espera nunca mais vê-lo no hospital. Se encontrar num bar ou na rua e for cumprimentado, ótimo, mas independente disso, o fato desta pessoa "estar" na rua ou se divertindo no bar  já é motivo de comemoração. Um psicólogo ajuda uma pessoa a resolver seus conflitos e já se prepara para o próximo desafio. Dificilmente vai cobrar de seus ex-pacientes que passem a ligar todos os dias ou enviar e-mails. Já imaginou se os professores quisessem que todos os alunos que foram seus pupilos os colocassem como primeiros da lista em tudo que fossem fazer? Não teria como atender a nenhum convite.
Utilizando uma metáfora do mundo mítico, um cupido acerta sua flechada para que um casal se una e seja feliz, não para que um dos dois se apaixone por ele.
"Ah, mas eu quero mesmo é ter amigos", alguém pode dizer... Então mude a estratégia. Que tal procurar se enturmar com pessoas que tenham atividades em comum com as suas ou que sejam compatíveis com você? Se é para sair, se divertir, curtir, pra que transformar o espaço onde vocês estão em consultório ou clinica de atendimento especial?
Pare de restringir seu círculo a dependentes de suas habilidades, e trate de simplesmente viver, pensar em si mesmo(a), sorrir, brincar. Não tem pessoas dispostas a isso ou você está tão acostumado com a vida que leva que não consegue (ainda) pensar em algo diferente? Busque alternativas, saia do lugar comum, vá para novos locais, onde ninguém saiba que você é médico, consultor, padre, psicólogo, pastor, enfim.. um ajudador.
Ou então aprenda a ser SÓ, mas sem ser SOLITÁRIO(A). Aprenda a sair por sair, a curtir seus momentos consigo mesmo(a), mas aberto á presença de outras pessoas, sem definir quem pode ou não pode se aproximar. Você pode ir a uma festa sozinho, mas se divertir com as centenas de pessoas que estiverem lá, ora bolas...
Claro que isso tudo vale para quem tem mesmo o que eu disse acima: "vocação para ajudador", porque se for apenas um "bonzinho interesseiro" não vai dar certo...
Porque posso dizer tudo isso?
Fácil! Porque passo por situações similares as usadas como fonte de reclamações pelo meu amigo Walter.  Não foram e não são poucas (e no que depender de mim com certeza ainda existirão muitas) as pessoas que se afastam de minha presença depois que conseguem se reequilibrar após momentos dificeis, ou conquistam um grande amor, ou o emprego dos sonhos... mas não foi exatamente para isso que me propus ajudá-las quando elas precisaram?
Aprendam, ajudadores de plantão: É uma delicia saber que precisam de nós, mesmo sabendo que seremos esquecidos quando não mais necessários. E, melhor ainda, é ver que boa parte do sucesso, da saúde ou da alegria de alguém se deve à sua colaboração incondicional. ISSO É VOCAÇÃO!

Em tempo: E não importa se as pessoas só te procuram quando estão ávidas por sua ajuda. Um médico não vai deixar de atender a um paciente só porque ele não lhe mandou um cartão de agradecimento depois da primeira vez. Se alguém te procura, meu querido amigo(a), é porque sabe que você é CAPAZ de ajudá-lo(a) e, acima de tudo, CONFIA em você.
Guarde bem isso no seu coração!

"Minha querida alma, seja fonte de entrega e amor incondicional"

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