sexta-feira, 30 de novembro de 2012

VALORIZAR-SE: ESTA É A RECEITA DO SUCESSO

Engraçado como algumas lembranças parecem "acordar" a gente... É fácil perceber como certas atitudes, que pareciam inofensivas num determinado período, com o passar do tempo se tornam maléficas, e nem percebemos que isso está acontecendo.
Minha infância não era das mais abastadas (eu diria, nem um pouco abastada), mas a gente se virava como podia. Eu odiava miudezas (de boi e de aves), mas naquela época era a única forma da gente dizer que comia "carne". E eu afirmava que "adorava", apenas pra deixar feliz quem, com muito esforço, só conseguia isso: meu pai, lutando para se aposentar, e minha mãe, batalhadora mas sem emprego fixo.
Volta e meia, quando o dinheirinho da roça sobrava, era possível comprar um frango. Ou o dito cujo era mesmo um dos que criávamos no quintal, escolhido a dedo pelo meu velho. Depois de cozido, todos nós já sabíamos: os melhores pedaços iriam para o pai, e depois a mãe dividia o restante com os filhos. Eu via que a minha genitora não se sentia bem com isso, mas mantinha a autoridade e o bom senso de fortalecer a quem, mesmo com uma perna quebrada, trabalhava duro para pelo menos colocar algo na nossa mesa. Então, minha maior satisfação era ver a carinha de alegria da mamãe, quando me ouvia pedir, antes mesmo que a comida fosse servida, para que me desse os pés do penoso ou da penosa (sim, de vez em quando era a galinha que dançava).
Outras formas de dizermos que comíamos carne bovina ou suína (embora na maioria dos fins de ano, após muito trabalho, tivéssemos ao menos um cachaço pra fazer churrasco), eram as receitas com fígado, coração ou rins de boi. Em todas as oportunidades, eu fazia questão de elogiar a comida, só pra ver o sorriso do pai e da mãe.
De certa forma, essa postura ajudou a toda nossa familia, pois com pais animados foi muito mais fácil ir melhorando de vida aos poucos... e enfim chegamos a dias em que podíamos comer o que quiséssemos.
No entanto, depois disso, percebi que tinha algo errado... Com o tempo, acabei transferindo essa mania de agradar a quem me oferecia pouco para outras áreas, e nestas foi difícil mudar...
Me ofereciam trabalho demais e pagamento de menos... e eu achava que estava muito bom.
Me davam muitas responsabilidades e nenhum reconhecimento... mas e daí? Ficava contente (coisa nenhuma!) com o fato de saber que confiavam em mim.
Sempre dava o melhor de meus esforços, e em troca me contentava com meros elogios... mas deixava que os faziam muito "orgulhosos" por isso...
Até o dia em que percebi que, na verdade, estava tentando agradar quem me dava "pé de frango" não porque não tinha como oferecer mais (como meus lutadores pai e mãe), mas sim porque achava que era isso que eu merecia.
Pra isso, não há receita que dê jeito! Uma coisa é fazer o possível para deixar feliz quem "faz o que está ao seu alcance" por você. Outra é supervalorizar quem te desvaloriza.
Ao perceber o quanto essa postura estava sendo nociva, então batalhei para mudá-la. Passei a ter a coragem de cobrar mais, de exigir mais em troca do que eu oferecia. "Se eu não dou valor para o que faço, quem vai dar?", pensei.
Então me empenhei em separar as coisas, mas agradecendo a todos por me permitir cada aprendizado. Agradeci meus pais por tudo que fizeram, às vezes sem poder, e por terem ensinado a suportar as adversidades da vida com criatividade e força. Não deixei também de agradecer a quem me explorou, aproveitando-se da minha "tendência ao elogio e à não reclamação", pois também estes me ensinaram muito, de uma forma ou de outra.
E, depois, tratei de fazer as minhas próprias escolhas, de acordo com o que eu próprio podia oferecer, mas na certeza de que poderia alcançar mais do que imaginava.  E assim vivo, feliz, mesmo quando as dificuldades se apresentam. Hoje, sei quem me oferece o que pode, mas também quem me dá apenas o que pensa que eu mereço... e me dou o direito de escolher qual proposta será aceita.
Quanto aos miúdos, bem... Acabei me acostumando com esse menu, mesmo porque a necessidade acabou fazendo com que a gente produzisse receitas magníficas com cada um dos produtos "alternativos". O bom é saber que hoje, felizmente, não preciso dizer que gosto de pé de frango pra agradar ninguém, mas quando faço uma panelada, até quem só come filé não resiste...

MINHA QUERIDA ALMA, SEJA FONTE DE GRATIDÃO
MINHA QUERIDA ALMA, SEJA FONTE DE CRIATIVIDADE
MINHA QUERIDA ALMA, SEJA FONTE DE VALORIZAÇÃO PESSOAL

terça-feira, 27 de novembro de 2012

QUE TAL DESIPNOTIZAR-SE?

Dias atrás, me peguei questionando meus esforços para alcançar alguns objetivos que tenho desde a infância. Coisas comuns que qualquer ser humano deseja: sucesso, estabilidade financeira, saúde, poder de escolha (ir onde quiser, fazer o que quiser, e o contrário também, ou seja, não fazer o que não quer e não ir onde não se deseja)... Pouco, não?
Os questionamentos surgiram porque, embora eu tenha conseguido muitas coisas em minha vida, principalmente no que se refere à liberdade (estou onde estou porque escolhi, e faço o que faço porque amo), sinto que gasto mais energia que o necessário para chegar onde desejo. Isso cansa! É como ficar caminhando na areia, se contentando com pequenas moedas encontradas na praia, e sabendo que as pérolas principais estão mais adiante, mas praticamente inacessíveis.
Então mais uma vez resolvi relaxar... deixar o pensamento livre para encontrar respostas a perguntas que, na verdade, eu nem sabia como e nem que havia feito, mas havia.
"Desipnotize-se"... A palavra surgiu em minha mente como uma forte luz! "Desipnotize-e", repetia-se, constantemente.
Deixei que ela tomasse forma, que se transformasse em imagens, em cenas da minha vida pregressa, da minha infância... e entrei num filme da vida real... a minha vida!
Vi quando numa brincadeira feita entre eu e amigos, ainda com cerca de 10 anos, fazíamos uma espécie de "desfile de moda", com roupas que seriam doadas para carentes por minha familia. Senti o toque de depreciação nas palavras de uma senhora, ao me ver com um macacão amarelo e dizer: "Essa roupa, sim, combina com você. Dá pra trabalhar como lixeiro".
Viajei mais para adiante, e ouvi claramente um lider religioso me dizendo várias vezes: "Aceite sua condição. Deus te fez 'assim' (negro e pobre) porque te quer humilde. Entenda, gente como você NUNCA vai chegar a um cargo de destaque ou uma profissão na qual possa enriquecer".
Mais adiante, numa das brigas com familiares, ao afirmar que meu sonho era o de ser escritor ou jornalista: "E trabalhar, nem pensar, né? Não importa o que faça, seu destino vai ser a roça ou ser funcionário de prefeitura. Caneta não dá comida!".
'Acordei' para o que estava acontecendo! A palavra novamente se fez forte... "Desipnotize-se'... Realmente, eu estava hipnotizado, como acredito que muitos de nós estão todos os dias.
Para a maioria das pessoas (em especial as que não conhecem o tema ou o vê com preconceito), hipnose é especificamente algo que acontece em consultório, em palcos ou em algum espaço religioso. É uma habilidade pela qual algumas pessoas, dotadas de poderes especiais, dominam outras... Pura bobabem! Estas pessoas não sabem que, na verdade, somos nós que nos hipnotizamos, e ninguém executa qualquer tarefa dada por sugestão se não a tiver assimilado como "verdade interna", ou não estiver dentro daquilo que lhe seja moralmente aceito.
O fato é que exatamente por causa de um monte de "verdades" que assumimos desde a infância, e por questões "moralmente corretas" assimiladas no decorrer da vida, agimos de acordo com várias sugestões dadas por nossos pais, irmãos, professores, lideranças, amigos... Formamos um conceito de nós mesmos e trabalhamos para que estas "verdades" sejam confirmadas.
Muitas vezes, estas sugestões são dadas de maneira negativa (como num xingamento, num ato de bullyng ou algo parecido). Em outras, de forma que tem intenção positiva (mas só a intenção). Assim, uma pessoa pode ouvir de coleguinhas malvados que ele é um "bujão", por ser gordo, ou ouvir de uma tia bondosa: "Nossa, como ele é gordo! Que bom, isso é sinal de muita saúde". Ao crescer, mesmo que tenha se tornado um obeso mórbido pode sabotar qualquer tentativa de emagrecimento, pois a grande "verdade" é "que ele vai ser sempre um "bujão"" ou que "ser gordo é bom", mesmo que fisicamente isso não seja real naquele momento.
O mesmo vale para o dinheiro, para uma profissão, para a aparência...
Afirmações como: "Dinheiro não traz felicidade". "Só quem é pobre vai pro Reino dos Céus". "Mulheres gostam de caras altos e bonitos... você é baixinho e feio". "Há pessoas que nasceram 'de quina pra lua'... não é o seu caso"...dentre muitas outras, impressionam nossa mente. Estas frases, incutidas em nosso subconsciente, fazem com que evitemos ficar ricos, que não valorizemos nossa real aparência, ou que invejemos quem 'tem sorte', como se Deus os tivesse escolhido para ser o que quiserem, deixando-nos com 'as sobras'.
Pensando nisso, comecei então a procurar quais seriam as "ordens" que me foram dadas e que ainda me mantinham em transe. "Quem você pensa que é?"... ela veio, como um soco no estômago. Para mim, é a pior frase de todas. É feita em forma de pergunta, e derruba qualquer criança ou adolescente quando dita por um adulto que tenha autoridade sobre ela: "Quem você pensa que é pra querer (ou dizer, ou fazer) isso?". Esta era a que eu mais ouvia.
Percebi que o problema não eram as palavras em si, mas as respostas que elas traziam, implicitas, pela forma como era feita a pergunta: "Você não é nada! Você é um moleque! Você não tem capacidade para ter, fazer ou ser o que diz querer". Ao lembrar disso, me senti oprimido... preso... triste... com medo... Percebi que meu corpo se contraía, como que querendo se esconder dentro de si mesmo, como uma tartaruga na casca, como uma centopéia se enrolando para se proteger...
De repente ouvi de novo.. "Desipnotize-se", desta vez mais forte, como que me trazendo de volta ao topo. E gritei mentalmente: CHEGA!
Vi todas as pessoas que me diziam a frase, frente a frente, e como lider do grupo um professor, com quem eu discutia constantemente quando fui presidente do Grêmio de minha escola, principalmente quando o assunto envolvia mudanças físicas na instituição ou questões relacionadas à grade curricular. Ouvi claramente ele fazer a mesma pergunta, com todos os outros sorrindo de maneira sórdida, já imaginando: "O que ele vai dizer? Não tem capacidade pra falar nada".
Olhei bem para o professor, e respondi, em alto e bom tom: "Eu sou ANTONIO CARLOS, o cara que você teme porque tem ótimas idéias, e que também sabe, como qualquer um aqui, o que é bom para si e para seus colegas de escola!". Vi que os sorrisos de desfizeram. Algumas pessoas sairam da sala.
"Eu sou inteligente, criativo e comunicativo", disse, andando em direção a ele. O homem dava passos para trás.
"Eu tenho o poder de escolha. Eu posso decidir o que é melhor pra mim"... neste momento, saíram a mulher que "profetizou" minha "carreira de lixeiro", e o líder que me dizia para "ser humilde".
"Eu sou o cara que é feliz fazendo o que gosta, e gostando do que faz, independente do que seja e do que os outros acreditam que deveria ser"... aí saíram os meus familiares e amigos que contestavam meu desejo de ser um profissional da escrita ou da arte.
"Eu sou o cara que sabe o que quer, e não vai permitir que você o conteste ou o impeça de seguir adiante, porque você não tem esse poder. Esse poder é MEU!"... gritei, fechando os olhos...
Quando os abri, o professor estava sentado à minha frente, mas com outro sorriso: o de orgulho. Ouvi, quase chorando, ele me dizendo. "Muito bem, Antonio! Esse é o cara com quem eu sempre quis conversar, trocar idéias... Por isso te admiro tanto!".
Então entendi que esse professor era o meu grande desafio, não porque queria "me destruir", mas sim me fazer crescer. Era a minha sombra, os meus medos, o meu 'transe'.
Trocamos um forte abraço, e eu acordei.... agora com a certeza de uma nova vida. É certo que será preciso fazer outras 'sessões', para eliminar outras sugestões... Desipnotizar-se! No entanto, a simples descoberta desta palavra já me fez levantar com outro espírito nas manhãs seguintes, e este espírito permanece forte, com muita energia até agora.
Eu posso, eu mereço, e, acima de tudo, eu sou capaz!
Minha dica? Ora, descubra quais são as sugestões que regem sua vida, e, claro, desipnotize-se você também!

A técnica

A técnica que utilizei para fazer esta "desipnotizaçao" foi o Relaxamento para o Sonho. 
Para fazer este trabalho, você pode escolher qualquer momento do dia ou da noite, mas eu prefiro fazer na hora em que vou dormir, sem nenhum aparelho ligado ou qualquer outra forma de barulho que não seja natural (para não interferir nos sonhos, que geralmente produzem as melhores metáforas, como a que me foi oferecida). Neste caso, os sons da rua ou da natureza são considerados "naturais" e devem ser encarados como parte dos trabalhos. Acostume-se a eles e prossiga.
- Comece contando a sua respiração: A cada inspiração, mentalize "1", "2", "3", deixando que a expiração ocorra sem forçar, após cada número. Não sei em que momento (no meu caso, acredito que no "15" já aconteceu) os seus olhos irão se fechar naturalmente, e seu corpo relaxar... relaxar...
Assim que fechar os olhos, deixe sua mente divagar, viajar ao passado, passando pelas várias fases em que você ouviu algo que seu inconsciente considere importante para este trabalho. Confie nele! Ele sabe!
Deixe que sua mente escolha a história ou frase que considere importante para o momento que você vive ou questiona neste momento. Se for sobre alguma questão relacionada a finanças, seu inconsciente sabe onde está a origem. Se for amorosa, idem, e o mesmo vale para qualquer área.
A partir daí, crie a sua história: AJA na história. Crie uma resposta diferente, mova-se de jeito diferente, responda como o adulto que é hoje e não como a criança que você foi, mas ainda existe aí dentro.
Depois disso tudo trabalhado, seu próprio inconsciente saberá a hora de te acordar. Não se preocupe se isso vai ocorrer logo após a execução da história ou se você vai entrar em sono profundo e acordar no outro dia. O importante é que você saberá que aquela "sugestão" já não tem poder sobre a sua Alma.

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