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METÁFORA DO DIA: PERSISTÊNCIA, MUDANÇA E HUMILDADE

Hoje de manhã, um pai de familia, grande amigo que conheço há 20 anos, falou comigo, por telefone. Ele estava desanimado por conta da situação em que vive a sua filha.
O caso: ela vive com um cara possessivo, ciumento e, claro, violento. Na última semana, quase foi morta pelo sujeito, mas. tão logo saiu do hospital, simplesmente, como fez tantas outras vezes, retirou a queixa da policia e voltou para casa com o seu agressor, que com certeza irá cometer outras e outras agressões. Ao tentar falar para ela o erro de sua escolha, a resposta era sempre de que "ela sabia o que estava fazendo". Esta resposta está baseada em crenças da igreja em que ela congrega, de que a mulher tem que se sujeitar ao marido, e suportar tudo porque "Deus uniu, e ninguém deve separar" (Como se Deus fosse assim, um tremendo sacana!).
Este meu amigo faz parte de um grupo de apoio, e já ajudou muita gente a sair do mundo das drogas, do álcool, e até fez muitas mulheres assumirem uma postura mais positiva diante da vida, consequentemente não aceitando mais abusos cometidos por maridos ou namorados. Com a filha, porém... nada estava funcionando.
Confesso que com casos como esse até eu, que acredito na mudança (seja do marido, seja da mulher, que precisa aprender a se valorizar), sou tomado pelo desânimo.
Passei ao amigo algumas palavras de incentivo, mas fiquei surpreso quando ele me disse que na verdade só queria desabafar, pois sabia de muitas técnicas para convencer a filha a sair do perigo que vivia, mas nenhuma havia funcionado. Tentei lhe passar novas idéias, mas tudo que ouvia de volta era: "Eu já sei disso, mas não adianta, eu desisto!". Ao perceber que eu mesmo estava tentando resolver o problema sempre do mesmo jeito, preferi dar uma parada. Me veio a idéia de dizer ao meu velho amigo que aguardasse, pois eu lhe faria uma nova ligação, com uma nova dica, quisesse ele ou não.
Porém, estava preocupado: não tinha a menor idéia de como poderia criar uma história que o convencesse a não desistir e, ao mesmo tempo, ajudar a filha a pensar um pouco diferente do que pensava.
Pouco depois de desligar o telefone, meio sonolento por causa de um remédio que estou tomando (estou com uma contratura na região da coluna), tirei uma soneca. Acordei abismado com um sonho que tive, em que uma pessoa muito querida, um padre que foi um grande mestre em minha vida e já faleceu, me contava uma parábola conhecida, sobre duas moscas que haviam caído num copo.

Eis a história, como me lembro:

"Contam que certa vez, duas moscas caíram num copo de leite. A primeira era forte e valente. Assim, logo ao cair, nadou até a borda do copo. Mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e se debater e afundou.

Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte, era tenaz. Continuou a se debater, a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu com muito esforço subir e dali alçar vôo para algum lugar seguro.

Esta primeira parte da história até poderia parecer um elogio à persistência (embora isso seja mais INSISTÊNCIA que PERSISTÊNCIA), que, sem dúvida, é uma hábito que nos leva ao sucesso, no entanto...

Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente, novamente caiu no copo. Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou: "Tem um canudo ali, nade até lá e suba por ele" A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso e, continuou a se debater e a se debater, até que, exausta, afundou no copo cheio de água.

Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de notar as mudanças de ambiente e ficamos nos esforçando para alcançar os resultados esperados, até que afundamos na própria falta de visão? Fazemos isso quando não conseguimos ouvir aquilo que quem está de fora da situação nos diz".


Foi então que entendi o que estava acontecendo: tinhamos as saidas, tinhamos as soluções, mas não sabíamos como fazer com que fôssemos ouvidos (tanto eu com meu amigo como ele com sua filha).
À tarde mesmo, liguei novamente para ele e lhe pedi que apenas ouvisse a história, e assim que tivesse uma chance a contasse a sua filha. Não sei qual foi a sua reação do outro lado, pois pedi que desligasse sem falar nada, e ele assim o fez.´
À noite, recebi esta mensagem no meu celular: "Toninho (é assim que ele me chama), fiz o que me pediu, e pela primeira vez senti que toquei de verdade a minha menina. Ela chorou e prometeu pensar melhor em tudo que nós, seus familiares, temos lhe dito. Desculpe-me pela falta de humildade inicial, e obrigado!".
Eu é que agradeço, amigo, pela oportunidade de também ser mais humilde.

MINHA QUERIDA ALMA, SEJA FONTE DE HUMILDADE E DE DISPOSIÇÃO PARA OUVIR E APRENDER SEMPRE MAIS"

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