segunda-feira, 20 de agosto de 2012

TRANSTORNOS LIMITANTES: EU TAMBÉM TENHO!

Hoje venho me desculpar com vocês, amigos leitores e leitoras do "Palavra Mágica". Quero pedir desculpas por tanta demora em postar novidades neste blog.
Não se trata de falta de assunto, mesmo porque ainda há muita coisa legal para ser repassada, seja de aprendizados que já tive ou que ainda terei. Na verdade, a dificuldade está relacionada a um problema que tenho desde há muitos anos atrás e que, na verdade, é o principal motivo pelo qual entrei de cabeça no mundo do autoconhecimento e das terapias complementares: a mania de começar e ter dificuldades para terminar algo, tipica característica de pessoas que sofrem com o transtorno bipolar e o transtorno borderline, sendo mais forte ainda neste último (para saber mais sobre isto, clique aqui e veja um resumo sobre o assunto. Muita gente enfrenta esse problema mas nem imagina que o tem).
Cá entre nós, é um troço muito chato você viver com vários começos e quase nenhum (ou nenhum) fim. Quem me conhece sabe que quando entro em uma atividade ou quero dar inicio a alguma novidade, vou "para cima" com tudo, com total dedicação, sem medo das consequências e firme em meus propósitos. No entanto, basta a coisa começar a ferver para que tudo trave, e se não houver quem dê continuidade ou me motive a isto, a tendência é parar no meio do caminho. Neste período, pode apostar, já surgiram várias outras idéias novas, mas para serem iniciadas, e não dentro do que já está em andamento.
Sofri muito na infância por ter este e outros problemas. Sempre fui visto como um garoto com inteligência diferenciada, sem nenhuma modéstia, mas também como um menino inconstante, que dava o pontapé inicial em grandes novidades, mas que quase nunca "estava lá" quando os frutos eram colhidos, ou que parava tudo antes que eles brotassem.
Quando descobri que tinha em minha personalidade esta característica marcante (com diagnósticos feitos por uma psicóloga e um psiquiatra), as coisas melhoraram um bocado. Aprendi a lidar com esta dificuldade utilizando algumas técnicas que aprendi com estes profissionais e durante minha formação em PNL, e também a fazer do que era negativo algo um pouco mais prático: assumi este lado "criador", procurando sempre contar com uma boa equipe que desse continuidade ao que foi gerado.É uma boa alternativa, muito utilizada nas técnicas de criatividade e execução de projetos em grupo: Uma turma gera novas idéias, outra organiza, uma terceira critica, procura formas de melhorar as propostas e, enfim, uma quarta galera trata de pôr o que foi criado em prática.
Durante muito tempo, me senti muito bem em apenas "criar", deixando o restante para quem sabia "fazer". Muita gente ficou rica assim (como Steve Jobs, por exemplo), mas este não foi o meu caso, porque os lucros ou fama pelos resultados alcançados ficaram (merecidamente) com quem teve força de vontade para seguir em frente e executar as tarefas...rsrs...
Quando se trata de algo que deve ser feito apenas por mim, então a coisa fica um pouco mais difícil. Pra se ter uma idéia, tenho três livros por terminar há 18 anos (sendo que um deles está apenas nas primeiras vinte páginas há cinco), já criei tantos blogs que nem consigo gerenciar direito (a não ser os de noticias, porque estes envolvem factuais e cada texto é um novo começo), preciso acabar de ler oito apostilas e há pelo menos quatro avaliações de cursos ainda por responder, para receber meus certificados (acho até que um deles já teve o prazo vencido). Sem falar que ainda não passei da quinta lição do curso de inglês e não terminei uma seleção de músicas de minha autoria, que prometi separar para alguns amigos gravarem.
Além disso, já tô doido para mudar os projetos gráficos de vários trabalhos que faço ou dos quais participo, entre eles o do Jornal de Poço Fundo. O desejo de fazer mudanças assim, aliás, é uma forma legal de utilizar esta e uma outra faceta do bipolar e do bordeline: não conseguir "se soltar" do que criou ou se envolveu. Muitas vezes, tememos deixar para trás algo do qual fazemos parte, mas ao mesmo tempo já não temos a mesma energia para direcionar ao que está sendo realizado. Isso vale para a vida profissional e amorosa, quando entramos de cabeça em um novo trabalho ou num novo romance, mas quando passa a euforia não sabemos como sair, muitas vezes por medo de nos arrependermos. Aí, a grande pedida é sempre dar aos projetos existentes uma "nova cara", criar novos conceitos. Isso, pelo menos, garante mais um tempinho de "tesão".  
Você pode estar se perguntando: "Porque o Antonio Carlos está falando sobre isso agora"? Ora, apenas para mostrar que eu sou humano, e por isso também estou sujeito a desequilibrios, como transtornos ou distúrbios de ordem psiquicas (tinha que ser logo estes? rsrs). Também serve para dizer que, mesmo sumido de vez em quando, ainda estou vivo.
Há cerca de 23 anos, recebi o diagnóstico de que sofria do Transtorno Afetivo Bipolar - TAB (antigamente chamado de psicose maníaco depressiva). Até hoje bendigo o médico que descobriu este problema, pois graças a ele aprendi a controlar o meu humor e a enfrentar muitos sintomas que paralisavam minha vida. Seis anos depois, descobri que este distúrbio, na verdade, era apenas uma parte de um outro grande problema, o Transtorno de Personalidade Borderline - TPB, pois alguns fatores limitantes permaneceram muito fortes, mesmo após o inicio do tratamento (As limitações são parte de uma lista, que você tem acesso ao clicar no link do inicio deste artigo).
Nas últimas semanas, cometi algumas falhas. Deixei de aplicar técnicas que me mantém no "foco" e até pisei na bola com o único medicamento que não posso deixar de tomar. Isso é muito comum a quem vive esta realidade, já que para viver bem mesmo com ambos os transtornos é preciso disciplina (Imagine isso para uma pessoa cuja doença tem como consequência exatamente a indisciplina).
Para retomar o "rumo", procurei o meu médico e tratei de reagir à situação, com algumas das dicas que aprendi com a PNL. Uma delas foi, por incrível que pareça, "não fazer nada" por uns tempos. Escrevi um artigo sobre isso, anterior a esse, exatamente quando estava no auge dos sintomas, mostrando algumas coisas interessantes que acontecem durante a "crise". Uma delas é o excesso de idéias que não vão adiante. Não sei se é uma compensação pelo fato de sermos "problemáticos", mas é fato que nós, que sofremos destes transtornos, somos extremamente criativos, mas não conseguimos fazer a coisa acontecer. Eu, por exemplo, estou com um bocado de novidades "no ponto". Algumas foram iniciadas e não têm prosseguimento, outras estão no papel, e a maioria ainda está somente na minha cabeça!
Agora, sinto que estou voltando a ser dono destas idéias, e aos poucos estou ordenando-as, para publicação ou execução. Pra começar, resolvi escrever este texto, e também repassar uma breve explicação sobre os distúrbios, que talvez possam ajudar outras pessoas a identificá-los em si e, se quiser, procurar ajuda.
Não prometo que "a partir de agora serei mais pontual" com meus escritos, mas garanto a vocês que vou trabalhar bastante pra isso, ok? Mesmo porque, se não o fizer, corro risco de perder boa parte do amor-próprio que adquiri nos últimos anos.

"Minha querida alma, seja fonte de disciplina e coragem para seguir sempre em frente"

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