sexta-feira, 6 de julho de 2007

MAPAS E FILTROS

A realidade é algo subjetivo

Pelo menos quatro fatores inter-relacionados podem nos ajudar a entender melhor como funciona a nossa mente.São eles: a Percepção (captação de informações através dos sentidos), Experiência subjetiva (como a gente processa a informação, nosso aprendizado... O "Mapa".), Emoção e Comunicação.Todos nós temos, basicamente, cinco sistemas sensoriais: visão, audição, olfato, tato e paladar. É por estes sentidos que tomamos contato com o mundo e com as informações que nos chegam, ou seja, com a realidade exterior.A todo momento, estamos em contato, interagindo com o mundo à nossa volta, e as informações são captadas através dos sentidos. Cheiramos, degustamos, vemos, ouvimos, sentimos. Porém, três canais são os preferidos para essa captação e até transmissão: O canal Visual, o Auditivo e o Cinestésico (VAC), ou seja, vendo, ouvindo e sentindo (aqui entra também a degustação, o cheiro, etc...). Depois, finalmente, reagimos ao mundo externo através da comunicação, seja com palavras e/ou com determinados comportamentos.Quando alguém tenta se comunicar com outra pessoa, o que procuram fazer é transmitir sua própria compreensão da realidade objetiva, mas de maneira subjetiva, ou seja, buscam transmitir aquilo que elas entendem como realidade um ao outro.Por isso, para entender o que significa uma comunicação eficaz, precisamos compreender primeiro alguma coisa sobre a verdadeira natureza da realidade.O que é a realidade? Realidade é aquilo que a pessoa experimenta (veja pressupostos). Porém, constantemente, confundimos nossa própria realidade com "verdade".Como processamos informações?Pensemos, cada um de nós: Temos capacidade de captar toda a realidade das experiências que ocorrem ao nosso redor? Nossas ações e julgamentos estão baseados em um conhecimento "completo" do mundo exterior? Sabemos de fato TUDO o que aconteceu numa determinada experiência? O mais provável é que nos comportamos, na verdade, como pessoas que vivem num mundo subjetivo, com uma representação daquilo que captamos, com uma interpretação própria do que aconteceu.Basicamente, todos nós processamos as informações que recebemos de maneiras idênticas. Os resultados deste processamento, no entanto, podem ser muito diferentes uns dos outros. Assim como ninguém é igual a ninguém, também suas representações do mundo podem ir no mesmo caminho.A linguagem ainda ajuda nesta diferença. Como ela modela o pensamento, criamos falsas certezas, confundimos a linguagem que usamos ou ouvimos com a realidade. É preciso deixar de lado as falhas que temos com relação ao processo, à mudança, o movimento.Pra exemplificar, lembremos do seguinte: você consegue ouvir o mesmo som que os cachorros ouvem? Nossa capacidade auditiva é muito limitada neste sentido, e os cães ouvem decibéis que nós não conseguimos captar. Será que estes sons não existem, já que não os ouvimos? Para algumas pessoas, essa seria uma verdade. Se analisarmos todos os canais sensoriais que temos, descobriremos que são todos bem limitados com relação aos de outros animais.Digo isso para afirmar, sem medo, que percebemos, na verdade, apenas uma parte do que realmente acontece ao nosso redor. E essa é uma questão genética.Isso serve para que estabeleçamos dois pontos importantes:A - Há uma diferença entre o mundo e qualquer modelo ou representação que a pessoa tenha dele.B - Os modelos de mundo criados por cada um de nós são diferentes entre si.Como "filtramos" informações?Nosso sistema neurológico determina o primeiro conjunto de filtros que diferenciam o mundo (ou o "território") daquilo que temos como representação dele (ou o "mapa").Há outros filtros que fazem com que nossa experiência interna seja diferente do mundo: Os primeiros são os filtros sociais, que nos caracterizam como seres humanos pertencentes a um determinado grupo, seja ele racial, sócio-econômico, educacional...Dentre estes, o mais comum é o filtro lingüístico. Palavras ou frases de uma determinada linguagem têm, para um grupo, significados que não servem para outros grupos. E nem precisa ser com relação a línguas diferentes (como de países diferentes): um paulista difere do mineiro em algumas "gírias" ou forma de passar uma informação, bem como do carioca, do recifense, etc...Um outro filtro é a nossa própria história pessoal, nossas experiências. A partir delas vamos dar significados a acontecimentos dos mais variados. Uma mulher que sofreu uma tentativa de estupro na infância ou na adolescência (ou mesmo depois de adulta) pode encarar os homens de um jeito totalmente diferente da que foi tratada com carinho, respeito, e ainda da que sofreu preconceito, abandono...etc.Como cada pessoa tem experiências diferentes, a visão de mundo também será diferente.Detalhe: Os filtros neurológicos são os mesmos para todos os seres humanos. Os filtros sócio-raciais são os mesmos para uma determinada comunidade lingüística, e estes filtros são mais facilmente superáveis (basta conviver com outros povos, e você aprende suas gírias, ou mesmo sua língua, se for estrangeiro) que os neurológicos. Já os filtros pessoais nos identificam como indivíduos, são a base de diferenças profundas, porém são muito mais facilmente modificáveis que qualquer outro filtro.Quando uma informação chega ao nosso filtro pessoal, já chega distorcido pelos outros. Quando entra em contato com nossas experiências, estas informações, já distorcidas, sofrem ainda mais modificações por conta de nossa personalidade e nosso sistema de crenças. Isso forma o Mapa daquela situação.Portanto, o que nos guia no mundo é o que formamos através de nossas experiências pessoais, criando modelos, mapas ou realidades subjetivas.Pra entender melhor o "Mapa"Antes de passarmos a um estudo mais aprofundado dos filtros pessoais, que tal parar um pouco e desafiar seus próprios modelos de mundo?• Pense em um momento em que discordou de alguém num assunto importante para você, ou o contrário. Já procurou descobrir quais são as experiências que a outra pessoa tem em sua vida e que a faz pensar diferente de você? Seria porque ela é de uma "cultura" diferente? Seria porque não teve boas experiências com aquele assunto (ou teve e você não)?• Antes de discordar ou se irritar com o que alguém faz ou fala, que tal antes tentar descobrir qual é a sua representação da realidade?Como exemplo:É muito fácil se irritar, ficar com medo ou mesmo querer sanções a uma pessoa que rouba constantemente. Isso talvez até descobrir que em sua vida os valores que lhe foram ensinados são ligados ao "ter", ou que em sua família muita gente passa por dificuldades e até fome.• E quanto a você: Já pensou em fazer algo que nunca fez, mudar o caminho para o trabalho, falar num tom diferente de voz ou ir a lugares que nunca foi, mas buscando aprender e não criticar?Há roqueiros dos mais radicais no Brasil, e em outros países, que afirmam, a plenos pulmões, "odiar" as chamadas "músicas da terra" (como o forró no Brasil, por exemplo), ou ainda profissionais da música clássica que "não suportam" música popular, bem como funkeiros que "tem nojo" de rock, etc... No entanto, grande parte dos maiores sucessos da música só o são porque aprenderam a não só respeitar como também introduzir ritmos diferentes em suas composições (De onde você acha que surgiu o ritmo quente de Elvis, nos EUA, senão de uma bela mistura do branco - country e rock - com o negro - blues e jazz - em suas músicas? Ou as antológicas canções de Raul Seixas, Zé Ramalho, assim como as hilariantes piadas dos falecidos Mamonas Assassinas?). Estes artistas aprenderam a ir além da limitação imposta pelos seus próprios gostos musicais, arrebataram e até hoje arrebatam multidões.Enriqueça seu mapa. Busque novas informações, faça novas experiências. APRENDA. Só assim você conseguirá entender as pessoas e também ensiná-las.

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