TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDELINE

Transtorno Borderline: um resumo   

Depois de passar um bom período novamente me recuperando de uma de minhas "crises", que envolvem questões relacionadas à bipolaridade e ao transtorno bordeline, resolvi escrever este breve resumo para explicar aos meus amigos o que são estes distúrbios, com destaque para o segundo. Saiba que muita gente pode estar passando pelo mesmo problema, mas não tiveram, como eu, a sorte de tê-lo diagnosticado a tempo.

Borderline é um transtorno de personalidade que traz sérias conseqüências para a pessoa, seus familiares e seus amigos próximos. É um distúrbio "fronteiriço" ou "Limítrofe". Estes termos se referem ao limite entre um estado normal e um quase psicótico, mas também está relacionado às instabilidades de humor.
Não é um problema muito freqüente. Nos Estados Unidos, considera-se que atinge 2% da população, e olha que o norte-americano é considerado um sujeito exagerado.

Os principais sintomas são:


• Medo de abandono: uma necessidade constante, agoniante de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio.
• Dificuldade de administrar emoções
• Impulsividade.
• Instabilidade de humor (Aqui vale uma explicação, para diferenciar uma pessoa efetivamente Bipolar das que sofrem com o Borderline: as oscilações de humor do DAB ou TAB - Distúrbio ou Transtorno Afetivo Bipolar duram semanas ou meses, mas as Borderline têm oscilações de minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero e auto-agressividade. Citando exemplo de um consultório médico, um(a) paciente marca a consulta informando que está super deprimido(a), querendo morrer. No dia seguinte chega à consulta bem humorado(a), bem vestido(a), cheiroso(a), vaidoso(a).
• Comportamento auto-destrutivo (se machucar, se cortar, se queimar). Os portadores de Borderline dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor. Ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma". Muitos passam a fazer parte de seitas que tem o auto-flagelo como regra.
• Tentativas de suicídio, mais freqüentemente as de impulso do que as planejadas (quando tive as primeiras crises, lembro-me que tive alguns pensamentos que podem ser chamados de suicidas... Felizmente, isso não foi tão forte em minha mente).
• Mudanças constantes de planos profissionais, de círculos de amizade.
• Problemas de auto-estima. Borderlines se sentem desvalorizados, incompreendidos, vazios. Não tem uma visão muito objetiva de si mesmos.
• Muito impulsivos: idealizam pessoas recém conhecidas, se apaixonam e desapaixonam de maneira fulminante. Desenvolvem admiração e desencanto por alguém muito rapidamente. Criam situações idealizadas sem que o parceiro objeto do afeto muitas vezes nem tenha idéia de que o relacionamento era tão profundo assim (também passei por esta fase).
• Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição. Pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais. Uma pequena viagem de negócios do namorado ou marido pode desencadear uma tempestade emocional completamente desproporcional (acusações de rejeição, de abandono, de não se preocupar com as necessidades dela, de egoísmo, traição, etc.).
• A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições que fazem parte de qualquer relacionamento são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis, para rompimentos e estabelecimento imediato de novos relacionamentos com as mesmas idealizações. Um(a) bordeline não consegue viver só, mas enquanto não se tratar também não consegue viver junto com alguém por muito tempo.
• Tudo tem um começo, mas não tem meio e nem fim. Um borderline que não se trata não consegue terminar projetos, seguir adiante com uma idéia, pois está sempre querendo algo novo, diferente, excitante.
• Menos freqüente, mas acontece: episódios psicóticos (se sentirem observados, perseguidos, assediados, comentados).
Vale lembrar que dificilmente um borderline apresenta TODOS estes sintomas. Geralmente alguns estão presentes e outros não, ou uma boa parte tem pouca influência na vida do paciente.

O problema com este transtorno é que a pessoa que o vivencia transforma em um drama acontecimentos que, para outras pessoas, são normais. Todos nós nos apaixonamos, mas um borderline se "apaixona demais". Todos também se frustram, mas para quem tem essa doença a sensação causada pela frustração é extremamente dolorosa. Por isso, as reações às coisas normais do cotidiano podem ser altamente exageradas.
Com isso, o Borderline corre o risco de enfrentar alguns destes sintomas:
• Compras Compulsivas.
• Sexo de risco.
• Comer Compulsivo, Bulimia, Anorexia.
• Depressão.
• Distúrbios de Ansiedade.
• Abuso de substâncias (eu tenho sérios problemas com a nicotina).
• Transtorno Afetivo Bipolar (primeiro distúrbio diagnosticado no meu caso, e que abriu caminho para um tratamento mais eficiente de todas as minhas limitações).
• Outros Transtornos de Personalidade.
• Possibilidade de se tornar violento(a) ou ser vítima disso, além de cometer abusos ou partir para o abandono, tudo por causa da impulsividade e da falta de crítica para escolher novos parceiros.

Assim como o diagnóstico, é difícil estabelecer causas específicas para o desenvolvimento do transtorno. No entanto, há uma série de acontecimentos que podem ser utilizadas como parâmetro:
• Vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na infância, como por exemplo: abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico ou físico, separação dos pais, orfandade.
• Vulnerabilidade individual.
• Stress ambiental que desencadeia o aparecimento do comportamento Borderline.
No meu caso, descobri, junto com os profissionais que me acompanhavam, que a infância marcada pelo bullyng, pelas baixas condições financeiras e a vulnerabilidade que eu sentia por ser negro (e sofrer um bocado por causa do preconceito escancarado à minha época), foram alguns dos desencadeadores.
No entanto, é preciso ter cuidado com conclusões precipitadas do tipo "Oh, essa pessoa sofreu abuso na infância" ou algo parecido. Nada melhor que um profissional experiente e bem preparado para te ajudar neste levantamento.

A doença geralmente começa a se manifestar no final da adolescência e início da vida adulta (aconteceu comigo). Não precisei passar por isso, mas há casos em que são necessárias várias internações hospitalares. Em casos extremos, ocorrem as tentativas de suicídio (que também não foi o meu caso, e por essa razão podem ficar tranquilos), mas com o passar dos anos essa tendência diminui. O interessante é que após cada tentativa frustrada, diminuem as chances de uma nova.

Boas maneiras de se evitar a evolução do problema ou que podem auxiliar no tratamento definitivo são:
• Bons relacionamentos familiares, sociais, afetivos, profissionais.
• Participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes, associações culturais, artísticas, etc. (tô em quase todas..rsrs)
• Baixa ou ausente freqüência de auto-agressão (comigo somente o abuso da nicotina pode ser encarado como auto-agressão atualmente).
• Baixa ou ausente freqüência de tentativas de suicídio.
• Viver um relacionamento equilibrado.
• Ter filhos ou atuar em algo que o faça se sentir "pai", "criador" de algo importante.

A integração de tratamentos medicamentosos junto com a psicologia ou psicoterapia traz grandes progressos no tratamento do Transtorno Borderline. Quando associado a técnicas de terapias complementares (eu utilizo bastante as da PNL) o efeito é ainda melhor.
O tratamento medicamentoso inclui Estabilizadores de Humor (mesmo que não se trate de DAB) pois eles ajudam a conter a impulsividade e as oscilações neste sentido. Antidepressivos e tranquilizantes são usados em alguns casos (não no meu, felizmente).
Embora a medicação seja muito importante, ela é ator coadjuvante. O principal no tratamento é um bom papo com o psicoterapeuta ou psicólogo (experiência própria, vai por mim).

Aos profissionais da área, vale o recado: Não é uma terapia fácil. O que acontece "na vida real" acontece dentro do consultório. A instabilidade, alternância de amor e ódio, idealização e desapontamento acontece também com o terapeuta. Há também a tendência para a sedução, a impulsividade, o ciúme, a dependência, etc... Pacientes gratos hoje podem se mostrar ingratos amanhã. Terapeutas que hoje são vistos como atenciosos e dedicados podem ser criticados e vistos como monstros no dia seguinte. É complicado, mas quando se chega "ao ponto", tudo fica bem mais fácil.
Geralmente no início do tratamento faz-se uma análise, para que a paciente reconheça o problema, suas causas e as conseqüências na sua vida. Mais tarde, quando as causas e conseqüências estiverem bem entendidas pela paciente, passa-se às técnicas para a resolução do problema. É preciso paciência, persistência, disciplina e muito boa vontade (eu que o diga!).

Com relaçao ao Transtorno Bipolar - Transtornos afetivos
(Informação do Wikipedia)


O transtorno de personalidade borderline geralmente co-ocorre com transtornos de humor. Algumas características do TPB podem até coincidir com os mesmos distúrbios, dificultando a avaliação de diagnóstico diferencial.
Ambos diagnósticos envolvem sintomas comumentes conhecidos como oscilações emocionais. Na doença bipolar do humor, o termo refere-se a episódios cíclicos de depressão e euforia que duram dias inteiros, semanas ou até mesmo meses, em geral. No bipolar, não aparecem sintomas como medo do abandono e rejeição, demonstrado através de raiva intensa e sentimentos de ciúmes patológico, rancor e vingança contra a outra pessoa, além do pensamento extremista e o mecanismo de cisão que é típica no TPB. No TBP, o humor é muito reativo, dependendo sempre das circunstâncias externas, tendo durações curtas (em segundos ou horas), enquanto que o bipolar possui um humor independente do ambiente externo, tendo durações maiores que o borderline (em um dia, semanas ou mais). Uma situação borderline típica é marcada por instabilidade e reatividade emocional excessiva que é muitas vezes referida por desregulação emocional. O comportamento ocorre em resposta a extressores externos, intrapsíquicos e psicossociais, podendo aparecer e desaparecer, de repente e dramaticamente, durando segundos, minutos ou horas.
A depressão uni ou bipolar é mais generalizada, com perturbação do sono, apetite, assim como uma marcada ausência de resposta emocional, ao tempo que o estado de ânimo de uma personalidade borderline com co-ocorrência de uma distimia permanece com destacada reatividade e sem transtornos agudos do sono.
Há um debate sobre a relação entre transtorno bipolar e TPB. Alguns especialistas argumentam que este último representa uma forma subliminar de transtorno afetivo, enquanto outros defendem a distinção entre as doenças, embora refira-se que muitas vezes ocorram simultaneamente.

7 comentários:

  1. Olá! Também tenho TPB, então penso que é bem legal nos unirmos na luta pela modificação da condição psicopatológica. Eu acredito em cura. Estudo psicologia e vou me especializar nisso porque pretendo ajudar a todos que sentem na pele essa emoção. Um grande abraço! Estou te seguindo aqui no blog.

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    1. olá, desconfio que eu possa ter o Transtorno De Personalidade Bordeline, ainda não posso , ou não quero afirmar.

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    2. Sempre fui muito carinhosa , gostava de ficar ao lado de quem amo o tempo que me fosse possível. Sinto muito o que é positivo e tbém o que vem a ser negativo. AMO OU ODEIO. Sinto que não consegui autonomia devido a esta minha personalidade, que me deixa vulnerável aos sentimentos. O comando de minhas ações está em 90% nas emoções. Queria agir mais pela razão, mas a emoção é bem maior e geralmente tudo que faço é regido pela emoção. Sofro por não conseguir controlar minhas emoções na maioria das vezes em que me sinto agredida , cobrada, rejeitada pelos que mais amo principalmente. Sei que não quero mais deixar minha emoção me comandar, por já ter perdido muitas pessoas que amo por este meu jeito de ser.
      Se tiver como viver bem , estar bem, sem precisar de alguém , gostaria de que me ajudassem. Pq acredito que ter uma companheira ou companheiro é de fundamental importância na vida. E hoje estou só e me sinto triste demais,

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  2. Fui diagnosticada com TAB, mas lendo sobre boderline descobri que pode ser isso tbm...
    Acho isso tudo muito confuso, saber qual o seu problema ajuda a enfrenta-lo..
    Mas nesse cado eh muito difícil...
    Não tenho ciume patologico, mas tenho sentimentos de rancor e vingança.
    E ao mesmo tempo que amo alguem a odeio, e perdoo facil tbm...

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  3. Oi, tudo bem? eu tbm sofri bullying vendo as características Bordeline vejo q talvez eu tenha isso mas nao quero aceitar... sofri muito preconceito pela minha cor na escola e muito bullying tbm... hj vivo trancada com 17 anos e nao estudo mais...
    Eis meu blog;
    http://tatinhablogger-thablogger.blogspot.com comenta ou segue quem sabe podemos interagir.

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  4. http://www.tatinhablogger-thablogger.blogspot.com

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  5. Que conselhos você daria para a esposa de um bordeline. Sou equilibrada, não me ofendo facilmente (fiz terapia) e sou carinhosa e atenciosa. Mas parece que nunca dou carinho e atenção suficientes para ele. Também sofro com a irresponsabilidade, crises de irritabilidade etc.
    Gostaria de saber como trata-lo para que seu problema minimize e possamos viver sempre em paz e ele possa estar mais equilibrado e responsável.
    Agradecida

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