segunda-feira, 31 de março de 2025

APRENDI COM KARNAL: A OFENSA É UM FRACASSO PESSOAL

Não são poucas as pessoas que chegam a mim e reclamam pela forma como são tratadas por outras. A principal queixa é que elas não sabem lidar com ofensas, e não entendem (na verdade nem precisam entender) porque alguns "seres" parecem se sentir bem em promover ataques, xingamentos, etc...

Eu me coloco no lugar destas pessoas, e minha mente vai para um período em que também não conseguia reagir da forma adequada a este tipo de coisa. Ou partia para um ato violento ou simplesmente me afundava no quarto e ficava lá por horas, só remoendo a péssima sensação de inferioridade e a raiva que isso trazia.

Muita coisa mudou a partir do momento em que meus professores começaram a me mostrar caminhos bem mais práticos para lidar com isso, e quando sou chamado a conduzir encontros sobre este tema, repasso a experiência.

No entanto, nos dias atuais, tem um cara que certa vez deu uma palestra na Unidade Cooperativa Uniodonto, e sua fala não só impactou os participantes como se tornou um dos vídeos mais vistos do Youtube. Esse cara é Leandro Karnal!

Tive a paciência (coisa rara para um TDAH bipolar) de transcrever parte de seus ensinamentos, e quero que você leia com atenção, pois vale muito a pena. E aprenda a responder a ofensas do jeito mais eficaz, e não com outras ofensas, entendendo que, como diz o Mestre: "A ofensa é um fracasso pessoal".

O que diz Leandro Karnal:

“A quem pertence a tua paz? De quem é a tua tranquilidade de espírito? É do outro ou é tua? Porque se ela for tua ninguém te tira, mas se for do outro ele a te tira a todo instante. Quem pode me irritar? Quem pode me ofender? Unicamente a quem eu der esse poder. Por isso, a ofensa é um fracasso pessoal.

No trânsito eu escuto basicamente duas coisas em São Paulo: referências a uma vida duvidosa moral de minha mãe e dúvidas sobre a minha orientação sexual. Se alguém chama a minha mãe de prostituta (vou usar esta palavra um pouco mais suave, embora não seja a que se use em São Paulo) eu tenho que avaliar: minha mãe era uma prostituta? Tudo o que eu sei indica que não, como seu rosto sério nas fotos, uma aparente falta de felicidade… Eu acho que ela era fiel. Estava sempre com uma cara azeda. E pela renda que ela desenvolveu ao longo da vida creio que não coincida com o ofício de garota de programa. Logo, minha mãe não é uma prostituta. Mas, em uma hipótese B, minha mãe é. Nesse caso, eu tenho que dizer a quem me xinga: ‘Ah! Você conheceu mamãe? Você frequentou nossa casa? Em que época foi? Pois eu me lembro de tanta gente…’ Ou minha mãe era ou não era. Nos dois casos, qual é a ofensa? Se minha mãe não é, logo o acusador está mentindo. Se minha mãe é, logo o acusador está dizendo a verdade, então eu tenho que reclamar de minha mãe e não de outra pessoa.

A outra opção da qual me xingam é de ‘veado.’ Nesse caso, geralmente há duas hipóteses, embora hoje haja mais: sou ou não sou. Se eu for não é um xingamento, pois orientação sexual não o é. Eu posso dizer à pessoa: ‘Ah, sou! Você me conhece? Eu estava olhando a fronha, não lembrei muito do seu rosto.’ Pronto, posso dizer isso. E se não sou, logo isso não me atinge.

Quem pode me ofender? Só um tipo de pessoa: aquela que diz uma coisa com a qual eu concorde.

Em referência aos budistas, eu aprendi ano passado, em Butão, com um monge, uma frase muito boa. Eu fui pra lá com um grupo de pessoas e o monge disse: ‘A ofensa é uma brasa que você atira na pessoa para queimá-la; a ofensa é um fogo na mão com o qual você quer queimar a pessoa o máximo possível. E talvez você consiga, mas em cem por cento dos casos você queima a sua mão. 

Você é o primeiro a embarcar na energia da ofensa.’ Então eu tenho que decidir quem pode me ofender. Se alguém passa na rua e grita: ‘Careca!’, o que eu vou dizer? ‘Que bom que você vê! Com tanta gente cega no mundo…’ Alguém me chama de ‘velho’, que é uma questão de comparação. Comparado com quem? Se for com a rainha Elizabeth eu estou deixando as fraldas. Se alguém me chama de qualquer coisa eu tenho que pensar comparativamente.

Quem pode me ofender? Unicamente a quem eu der esse poder. Por isso, a ofensa é um fracasso pessoal”.

Entendeu? A minha resposta à ofensa fala mais de mim do que do que tentou me ofender, e se eu o faço com outra ofensa, estou apenas me igualando a quem não merece ser igualado. Afinal, você não quer ser um fracasso, como aquele ou aquela que te ofende, não é?

SABE COM QUEM VOCÊ ESTÁ FALANDO?

Quando você se sentir tomado pela arrogância, ou for alvo da arrogância de alguém, experimente lembrar deste ensinamento do grande Mario Sergio Cortella. Desde o dia em que assisti esse vídeo, nenhum tipo de tentativa de mostra de superioridade me atingiu... 

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