segunda-feira, 12 de agosto de 2013

QUE NOTA VOCÊ MERECE?

Qualquer pessoa que já tenha tido algum contato comigo, tanto nas redes sociais como ao vivo e em cores (ou preto e branco, como preferirem), sabem o quanto gosto de metáforas. Hoje tive que me valer de uma para um pai que estava revoltado com o filho, por conta de algumas atitudes rebeldes, mas nada prejudiciais. Para ele, cada ato do filho era uma afronta, mas não percebia que ao falar sobre o assunto, esquecia de mencionar que, por conta de sua extrema dedicação ao trabalho, raramente tinha um tempinho sequer para pelo menos bater um papo com o garoto, deixando tudo nas mãos da esposa.
Não faço a menor ideia de como o menino vai na escola, mas me veio à cabeça esta história, de um autor desconhecido, sobre a qual pedi que refletisse um pouquinho.

O BOLETIM ESCOLAR

Era quarta-feira, 8h00. Cheguei a tempo na escola do meu filho –“Não se esqueçam de vir à reunião de amanhã, é obrigatória” – Foi o que a professora tinha dito no dia anterior.
-“Que é o que essa professora pensa! Acha que podemos dispor facilmente do tempo que ela diz? Se ela soubesse quanto era importante a reunião que eu tinha as 8:30! Dela dependia uma boa negociação e... tive que cancelá-la"!
Lá estávamos nós, mães e pais, e a professora começou dentro do tempo. Agradeceu nossa presença e começou a falar. Não lembro que ela disse, pois minha mente estava pensando em como ia resolver esse negocio tão importante. Já me imaginava comprando aquela televisão nova com o dinheiro.
“João Rodrigues!” – escutei desde longe – “Não está aí o pai de João?” – diz a professora.
“Sim, eu estou aqui” – contestei, indo receber o boletim escolar do meu filho.
Voltei pro meu lugar e olhei. “Para isso foi que eu vim? Que é isso?” O boletim estava cheio de seis e setes.
Guardei rapidamente, para que ninguém pudesse ver como tinha se saído meu filho. De volta pra casa ia aumentando ainda mais minha raiva, cada vez que pensava: “Mas, se eu dou tudo pra ele, não tem faltando nada! Agora ele vai ver!”
Cheguei, entrei a casa, fechei a porta de uma batida e gritei: “Vem pra cá, João!”
João estava no quintal, correu para abraçar-me. “Papai!”
“Nada de papai!”, gritei. O afastei de mim, tirei o meu cinturão e não lembro quantas vezes bati ao mesmo tempo em que falava o que pensava dele. “Agora vai pro teu quarto!”
João foi chorando, sua face estava vermelha e a sua boca tremia.
Minha esposa não falou nada, só mexeu a cabeça num gesto de negação e entrou na cozinha.
À noite, quando fui para cama, já mais tranquilo, minha esposa me entregou o boletim do João, que tinha ficado dentro do meu casaco, e disse:
- “Leia devagar e depois pense bem no que fez...”
Resolvi atender ao seu pedido...

Bem no começo estava escrito: BOLETIM DO PAPAI.

Pelo tempo que teu pai dedica para uma conversa contigo antes de dormir: 6
Pelo tempo que teu pai dedica para brincar contigo: 6
Pelo tempo que teu pai dedica para te ajudar com as tarefas: 6
Pelo tempo que teu pai dedica par te levar de passeio com a família: 7
Pelo tempo que teu pai dedica para te ler um livro antes de dormir: 6
Pelo tempo que teu pai dedica para te abraçar e te beijar: 6
Pelo tempo que teu pai dedica para assistir televisão contigo: 7
Pelo tempo que teu pai dedica para escutar tuas dúvidas ou problemas: 6
Pelo tempo que teu pai dedica para te ensinar coisas: 7

Média: 6,22

As crianças tinham qualificado aos pais. O meu filho deu para mim notas 6 e 7, mas sinceramente eu tinha merecido 5 ou menos. Me levantei e corri para o quarto dele, o abracei e chorei.
Teria gostado voltar no tempo... mas isso não é possível. João abriu os olhos, ainda com os olhos inchados pelas lagrimas, sorriu, me abraçou e disse:“Eu te amo papai!”. Depois fechou os olhos e dormiu.
Acordemos, pais! Aprendamos a dar o valor certo a aquilo que é mais importante em relação aos nossos filhos, já que disso depende o sucesso ou fracasso nas suas vidas.
Se você costuma tratar os seus filhos ou aqueles a quem você ama de acordo com a "nota" que eles te apresentam, já pensou qual seria a que eles dariam para você hoje?

Não sei, sinceramente, quando esta história vai dar alguma luz para meu amigo, mas espero, sinceramente, que esse "click" não demore...

"Minha querida Alma... seja fonte de compreensão, companheirismo e muito amor"

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